sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Anima, Cuore, Fiore, Sole, onde...

Farò della mia anima uno scrigno per la tua anima…
del mio cuore una dimora
per la tua bellezza…
del mio petto un sepolcro
per le tue pene.

Ti amerò come le praterie amano la primavera,
e vivrò in te la
vita di un fiore
sotto i raggi del sole.

Canterò il tuo nome come la valle
canta l’eco delle campane…
ascolterò il linguaggio della tua anima come la spiaggia ascolta
la storia delle onde.

Kahlil Gibran

A poesia de um Abraço...



Nenhuma saudação, nem aperto de mão, nem beijo, pode igualar um Abraço.
Nenhum gesto pode substituir a sua profundidade. No decorrer dos anos alguns dos nossos gestos mecanizam-se, acabando, assim, por perder a essência, a força e a riqueza.
Por vezes, refugiamo-nos voluntariamente na riqueza do gesto, um pouco por aborrecimento, mas muitas vezes, por medo daquilo que um gesto nos pode dar. Obviamente existem muitos tipos de abraços. Utilizei uma letra maiúscula para indicar um tipo especial de abraço: aquele que é digno de um “A” maiúsculo.
Escrever sobre o Abraço é, apesar de tudo, simples para mim. Não pretendo ensinar nada, mas sim partilhar uma emoção; portanto, muito para além de tantos conceitos, creio que seja muito mais simples falar de sentimentos.
Primeiramente, gostaria de convidar-vos a observar, por um instante, o vosso modo de abraçar.
Como se abraça um Amigo, um/a companheiro/a, os nossos pais, avós, irmãs ou irmãos?
Como recordamos as sensações que experimentamos num abraço?
Passou já algum tempo, a vida pregou-me umaenirme partida... quando mais uma vez compreendi o significado de um Abraço. Sentia-me pequenina e triste, e precisamente quando pensava ser impossível voltar a sorrir, alguém chegou bem perto de mim, abraçou-me com todo o poder de um sentimento sincero e verdadeiro e sem emitir uma única palavra, disse-me tudo aquilo que precisava escutar. Apertou-me forte junto ao seu peito e olhou-me depois com doçura. Continuou em silêncio limitando-se, simplesmente, a sorrir… Foi o sorriso mais reconfortante que alguma vez recebi. Cheguei a sentir-me embaraçada por haver deixado de acreditar no poder um Abraço. Ali estava a prova viva de que ainda era possível seguir em frente. Naquele momento renasci…! E aquele Abraço deixou-me imóvel por alguns segundos. Foram belos segundos. Recordo-me que fechei os olhos, voltei a abri-los, mas passados mais alguns segundos aquele abraço continuava a transmitir uma mensagem tão forte que era impossível ficar indiferente. Continuei a aguardar tranquila, mas nada mudou. Perguntei entãoo que deveria fazer agora... Sentia-me perdida sem saber como responder. Aquela força que me apertava junto ao seu peito, afastou-se com doçura. Mais uma vez o seu sorriso me invadiu de um sentimento inexplicável e tive a sensação de que nada mais poderia derrubar-me.
Nos dias seguintes, fechada no meu casulo, compreendi que me havia esquecido do poder de um Abraço, mas percebi que com aquele Abraço, abracei não apenas a minha querida mãe, mas muitas mais pessoas especiais, que me queriam abraçar e a quem tinha recusado essa possibilidade. Senti-me uma estranha perdida algures no planeta… Estavam todos ali, apenas aguardando o meu abraço profundo… Não era um abraço apenas de peito, como se faz entre amigos. Era um abraço total e sobretudo longo… Tão longo que me olhavam, sorriam e por vezes me faziam comover. Compreendi que aquelas pessoas já não eram mais estranhos, nem sequer eram meus conhecidos. Eram os Meus Amigos. Com todas as suas características, com todo o seu carinho e doçura e com um abraço do tamanho do mundo para me oferecer. Amigos dos 3 aos 90 anos. Sempre que nos encontramos, abraçamo-nos. E aquela mulher maravilhosa que me trouxe ao mundo continua a dar-me esse abraço, porque sabe que é profundamente significativo para mim. Compreendi que ainda viriam outros abraços, desconhecidos até então. E sim, outros vieram. E não posso esquecer-me daquele abraço de quem me olha e consegue ler profundamente o meu íntimo. Um abraço azul profundo, como o mar e a imensidão do céu. E vieram outros, e coloriram os meus dias. Uns porque são rosa singelo como os rostinhos de quem os oferece diariamente, outros porque são vermelhos e fortes e sabem a dor e a vitória.
E é por tudo isto que as pessoas não se abraçam mais assim - requer uma abertura que nos coloca em xeque.
Em crianças, temos necessidade de afecto como de comida. Mas… quando crescemos? Quantos de nós se permitem a pedir um pouco de carinho?
O Abraço transforma porque nos coloca em contacto com uma onda enorme de coisas. Com o nosso próximo em primeiro lugar. Com o seu coração, com a sua riqueza e por isso, com a nossa própria riqueza e o nosso próprio coração. Mete-nos em contacto com a nossa vulnerabilidade, com a nossa necessidade de amor, afecto, carinho, com a nossa incapacidade de saber receber.
É bem mais fácil saber dar do que receber.
O Abraço comove-nos e muitas vezes, porta-nos sentimentos que não queremos aceitar porque nos expõem demasiado.
Assim, torno a casa e Abraço as minhas filhas. Abraço a minha mãe e o meu pai. Abraço o meu irmão. Abraço aquele azul profundo… Abraço os meus Amigos. Abraços totais, como fazia quando era menina. Com a mesma inocência, com o mesmo abandono, mas com uma solidez diferente: de quem aprendeu a comunicar sem dizer uma palavra.
Choramos emocionados porque reencontrámos esta preciosidade, esta profundeza que a quotidianidade do gesto, mas sobretudo a rigidez e o medo de dar-nos haviam ofuscado.
Agora compreendi que mais do que mil palavras valem os gestos.
Agora, quando sinto que estou perante um coração que compreende e que pode compreender, não abraço a pessoa, mas a sua alma. Com todo o corpo, deliciando-me nesse Abraço, abrindo o coração e respirando profundamente.
Se, e quando quiserem experimentar, compreenderão que sessenta segundos são muito pouco para um Abraço, que se experimentarem abraçar alguém que vos feriu a raiva irá desvanecer-se e dará lugar à emoção que deriva da compreensão. Então verão que se por trás de uma acção está o coração, essa acção transformar-se-á. Uma carícia transforma-se numa Carícia, um sorriso num Sorriso, um abraço num Abraço. Não esquecendo jamais de respeitar a vulnerabilidade do outro, abracem! 
Um Abraço pode ser um acto de amor ou um gesto cruel sem compreensão e respeito por outro coração.
Dentro de um Abraço está uma montanha gigante, mas antes de tudo o perdão. O Abraço mais difícil é aquele que damos a nós mesmos.
Passaram muitos meses e ainda, de dentro de mim, nasce sempre um Obrigada pleno de gratidão àquele arco-íris que num só abraço inundou a minha vida. E gratidão também a todos aqueles que ao longo deste tempo têm demonstrado com tanta doçura e simplicidade que é possível mudar a vida: por vezes, simplesmente com um Abraço…!!!
 
…Abraço-vos, Suzy